Coral Vozes de Campanhã

A nossa história é triste, mas a gente é muito feliz.

A música, a dança e a fé é algo natural pra quem nasce no Quilombo, sendo assim cantar sempre fez parte da rotina das mulheres do Coral Vozes de Campanhã. As mais novas contam que até 2009, Tia Nem era quem conduzia as vozes na guarda de congo e quem incentivava as apresentações nas Missas Afro que aconteciam esporadicamente.

Mas, por mais que elas já cantassem em um coral algumas vezes, elas nunca pensaram em ser um. Em 2012 uma amiga do grupo convidou algumas das mulheres para cantar em seu casamento e, foi aí, que elas decidiram formar o Coral Vozes de Campanhã, um coral de mulheres negras quilombolas, que a princípio não faziam ideia da potência do trabalho que viriam desenvolver.

Sem Tia Nem pra cuidar dos sons, elas deram o próprio jeito de conduzir as músicas escolhidas entre o samba, a capoeira, os pontos de umbanda, as cantigas do congado, reinado e músicas autorais com a única obrigatoriedade de saudar a raíz. A primeira apresentação oficial do Coral aconteceu em 2016, na mostra Diversas em Belo Horizonte. A primeira de uma série de muitas outras apresentações que emocionava quem assistia.

As mulheres do Coral, dizem enxergar a própria potência através dos olhos das pessoas que as vêem. E isso faz com que elas se organizem cada vez mais na compreensão da responsabilidade do que expressam nas suas apresentações, nas mensagens transmitidas, na qualidade estética e expressiva do fazer. E se alegram ao ver as mulheres se identificando com elas e se fortalecendo, nesse espelho de duas faces que reflete as belezas da cultura e do ser mulher pra quem canta e pra quem aprecia.

O que as move? Inspirar a valorização do fazer das mulheres dentro das irmandades, uma vez que tudo dentro da irmandade gira em torno de uma mulher, de uma imagem feminina, Nossa Senhora do Rosário, que não está distante da mulher comum. A fé, e a compreensão que a força dessa expressão cultural é o modo delas de serem nesse mundo também as impulsiona a continuar.

Hoje, o Coral Vozes de Campanhã é produzido pela Andrea Soares, mulher com a qual o Coral reconhece uma parceria importante, uma vez que atribuem a esse encontro a profissionalização do grupo.

Você pode acompanhar a agenda do Coral Vozes de Campanhã pelas redes sociais. Para contratações e convites o melhor contato é:

Para além das atividades do Coral, acompanhe as festas do Quilombo Nossa Sra. Do Rosário de Justinópolis, de 130 anos, pelo endereço: Rua Francisco labanca, 189. Aberto a visitação todas as terça e quintas com agendamento.

Instagram: @coralvozesdecampanha

Facebook: fb/coralvozesdecampanha

E-mail: irmandadequilombola@gmail.com

Contato: 31 996457847

Oito mulheres cantam de pé, em roda. Todas são negras, e usam calças pretas e túnicas brancas com detalhes coloridos na gola e na manga. Elas também usam brincos de madeira, cada um com uma palavra ou frase esculpida, e turbantes com estampas florais, que lhes cobrem os cabelos. Entre as mulheres, há uma senhora de óculos e garotas bem jovens. Ao fundo, vê-se o tronco de uma árvore e o telhado de uma casa.

Detalhe das gungas nas pernas das mulheres. As gungas são instrumentos, feitos de tiras de couro com latas cilíndricas prateadas, presas aos tornozelos com fivelas. Há dois tamanhos diferentes de latas, e também diferentes quantidades, variando de duas a dez latas por cada gunga. Todas as mulheres usam sapatilhas baixas.

Atrás do grupo das mulheres de turbante, estão uma mulher e dois homens com instrumentos de percussão. A mulher é negra, tem cabelos castanhos e crespos presos num coque abacaxi. Usa brincos de madeira, roupas brancas, e toca um tambor mineiro, preso em seu ombro. Ela olha para trás, na direção de um homem que toca patangome. Ele usa camisa estampada com flores enormes nas cores amarelo e azul. À frente dele, há outro homem vestido da mesma forma, e com um chapéu feito com o mesmo tecido. Ele também toca tambor mineiro.

Sentada em meio a outras mulheres de turbante, uma moça de batom rosa ergue o braço, tocando sua pulseira com três voltas, feita com grandes contas de madeira. No brinco dela, está escrito Somos Campanhã.

As mulheres de turbante cantam de pé, à frente dos percussionistas. Além da mulher do coque abacaxi e dos homens com as camisas floridas, há mais um homem de barba, com um chapéu de palha. Ao lado da mulher, que toca patangome, está um grande atabaque.

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