A palhaçaria também é um espaço predominantemente masculino não só em presença mas, principalmente no que foi estipulado como risível. No bate papo com as palhaças do Divinas Tetas muitas relataram que tiveram seu trabalho diminuído ou mal compreendido em suas trajetórias devido ao que era exposto por elas. Muitas por vezes questionaram a própria competência ou se sentiram deslocadas por não estarem completas ao assumirem a sua arte.
Em 2017, após assistirem em São Paulo um cabaré de palhaças que compunha parte do festival Palco do Asfalto, algo despertou em Daniela Rosa e Dagmar Bedê. Mexidas com o processo que vivenciaram, elas se reúnem com outras palhaças de BH e inauguram o Cabaré Divinas Tetas com direção artística de Adriane Morales.
A proposta do Cabaré Divinas Tetas é, de acordo com Poliana Tuchia, "experimentar para além do óbvio assuntos tão caros a nós mulheres. Assuntos que remexem tudo por dentro, que é do humano, mas que entre mulheres emerge de um jeito diferente". Elas são incríveis, levantam a bandeira da mulher palhaça e estão fazendo história.
É que não há muita visibilidade para as referências da palhaçaria feminina, por vezes mulheres eram palhaços e deveriam se enquadrar no risível pré estabelecido. Elas então inauguram uma forma de fazer arte em um formato de festa, palhaçaria adulta pra falar do feminino além do útero.
E sabe o que aconteceu? O rolê pegou e elas mostram para o que vieram. Elas são Phoda! Não fazem revolução apenas na história da palhaçaria, elas se transformam, se fortalecem na intimidade, na vida pessoal, nos bastidores e claro, estendem essa potência às mulheres que assistem o espetáculo, às que têm a oportunidade de participar do processo e inspiram quem inicia o caminho como palhaça.
Dri, Popó, Luba, Bruna, Dani, Dag e Rafa, o Cabaré, segue com pelo menos um espetáculo por ano e você pode acompanhar a agenda delas pela rede social.
De frente para nós, em um palco, está uma mulher olhando fixamente em nossa direção, com os braços levantados, mostrando as palmas das mãos. Atrás dela, em fila, estão outras quatro mulheres, das quais vemos apenas os braços abertos, cada um em uma posição. A mulher à frente tem pele clara, cabelos castanhos e lisos, cortados na altura dos ombros e bem repicados. Usa um nariz de palhaço, redondo e vermelho. Usa vestido azul de alças, com franjinhas amarelas no decote generoso. A saia do vestido se abre em uma fenda central, com parte do tecido puxada e presa para um lado e para o outro, como se fosse uma cortina, deixando exposta a calcinha cor de rosa. Ela também usa meias finas que cobrem até a metade das coxas, e sapatos de salto.
oto em tons de sépia, mostrando as seis integrantes do grupo vestidas com roupas claras e com os olhos pintados com manchas escuras, em um espaço ao ar livre. Duas mulheres estão agachadas lado a lado. Uma tem uma faixa sobre os cabelos e segura uma longa piteira na boca. A outra usa uma camisa com grande ombreiras, um gorro na cabeça, e tem uma expressão mal-humorada, com os cantos da boca puxados para baixo. Atrás dessas duas, estão mais três mulheres. A primeira, com um véu bordado, está de pé e olha para cima, com um semblante pensativo; a segunda, de perfil, está sentada; a terceira, que usa um vestido curto e um turbante, cheira um maço de folhas, parecidas com alface. Ao fundo, está a última mulher, de pé com as mãos na cintura, com um gorro com uma ponta na parte de cima, e um vestido longo e largo.
Quatro mulheres estão sentadas em um sofá pequeno e branco, sendo que três delas estão sentadas no encosto. A mulher sentada no assento tem pele clara, cabelos escuros e armados, enfeitados com flores amarelas e verdes. Usa maquiagem bem marcada e um colar de pérolas. Está vestida com um vestido de festa vermelho e brilhante, e sapatos de salto amarelos. Ela se senta de pernas abertas e passa a mão em seus cabelos, com uma expressão séria. As outras três mulheres usam perucas de cor clara, nariz de palhaço e vestidos. Sorridentes, todas sentam de pernas abertas. A que está com vestido vermelho e cinto amarelo segura as coxas por baixo, para erguer os joelhos. Atrás das mulheres, há um varal com alguns tecidos pendurados. Acima dele, está um cartaz de madeira com as palavras: Noite Gala.
Quatro mulheres estão sentadas em um sofá bege, lado a lado e de pernas cruzadas. Da esquerda para a direita estão: uma mulher com um vestido de festa vermelho; outra de vestido azul com uma peruca branca; outra de vestido vermelho e cinto amarelo, com o nariz pintado de vermelho e a boca pintada de branco; e uma com peruca loira, boá vermelho, vestido verde e cintilante, meia calça laranja e botas pretas. Atrás do sofá, vê-se dois quadros de tecido pendurados na parede, e o corrimão de uma escada baixa.
O público aplaude as artistas, que estão de pé, lado a lado, no palco. Ao todo, são nove mulheres de roupas coloridas, narizes de palhaço e flores no cabelo, além de uma pessoa de cabelos longos e barba, usando sutiã e meia-calça. O público está sentado em mesas de plástico, bem à frente do palco, e em um mezanino protegido por um guarda-corpo metálico, à esquerda. Na barra desse guarda-corpo, está pendurado um cartaz com o título Cabaré das divinas tetas, e o desenho de seios femininos. O C da palavra cabaré é formado pela curvatura do seio esquerdo.
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